sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Adopções...

...não são fáceis neste país. Seja lá do que for.
Pode ser que mude, mas duvido. Até já se fala da possibilidade de se o casamento entre pessoas do mesmo sexo for avante, poderem adoptar. Não se faz. Não concordo. Ouvi há dias uma idéia que me chocou. Imaginem que têm um filho em idade adolescente, que vai a casa de um colega da escola, que por acaso tem dois pais (ou papás). Já viram o choque que ele terá, quando se aperceber que a casa do colega está muito melhor decorada que a dele??
Adiante. O que me trouxe hoje aqui foi dar um majestoso Ximbalau à entidade denominada União Zoófila. Passo a explicar: quero adquirir uma cadela para a minha mãe. Com base nisto, andei a procurar online possíveis candidatas. Vi no site da UZ uma que me chamou a atenção, e fui lá hoje.
Fui recebido ao portão por um ser ruminante do sexo feminino, que me saudou calorosamente com um afável "Diga...". Parece que lá para aquelas bandas, os nativos se saúdam assim... bem, disse ao que ia, e por entre dentadas na sandes (ou sande) que aquele espécimen ruminava, lá foi urrando que era um processo muito complicado, que não era possível, que era longe (??), e que não era "qualquer tipo de pessoa" que levava dali um cão de raça potencialmente perigosa (é uma cadela pittbull. A de quatro patas, não a bípede que interagiu comigo). Nunca me tinham chamado "qualquer tipo de pessoa", foi a estrear.
Ora bem, há aqui material para escalpelizar! Primeiro: então mas não têm anúncios de animais para adoptar? Segundo: Nunca ninguém disse aquela paramécia que não se fala de boca cheia? Terceiro: Sabiam que quase se trata mais dignamente as pessoas no início do curso de Comandos que na UZ? Quarto: o mamífero potencialmente mais perigoso que lá estava naquele momento era eu? Quinto: Porque é que aquela espécie de ruminante não emigrou para a Índia, onde os seres com as suas características são adorados pelas populações? Sexto: Remete para o ponto anterior.
Bem... saí de lá e nem sequer a cadela me deixaram ver, fui barrado à entrada por aquele belo exemplar da raça mertolenga ( http://mertolenga.no.sapo.pt/ ).
Pelo que tenho ouvido, parece que é apanágio as pessoas serem ali recebidas deste modo...
E a quem me conhece, imaginem o esforço que eu fiz para que, ao virar costas à herbívora, não deixar sair um veemente "Opah, quem devia estar numa jaula eras tu, ò sua v*** do c********!"

sábado, 5 de dezembro de 2009

Ser Pai...

...é tramado.
Tenho duas meninas, a Joana e a Constança. A minha mulher diz que eu não posso ser pai de um menino, poderia correr mal. E deu exemplos! Imagine-se que a criança andava a correr pela casa, e enfiava um monumental tralho no tapete da cozinha, levantando-se de imediato, a chorar que nem uma Madalena arrependida. Se fosse uma menina: "Anda cá minha filhota", enquanto lhe fazia uma festinha na cabeça e a abraçava e cobria de beijos. Se fosse um menino: "Levanta-te, ò maricas! Que raio de Homem és tu??"
Fez também uma clara alusão a outro tipo de cenário...disse-me que já não se fazem Homens como Antigamente, e perguntou-me como é que eu reagiria se o meu filho adolescente chegasse a casa com as sobrancelhas arranjadas...bem...não sei...mas provavelmente, iria ter uma semaninha de campo com o pai...
Mas ser pai de duas meninas é muito à frente. Fazem do pai o que querem.
Num dos sábados em que a Catarina foi trabalhar de manhã e eu fiquei sozinho em casa com elas, às 10h00 da manhã liguei-lhe a implorar que ela viesse depressa, senão elas matavam-me. Basicamente, sentaram-me no chão do quarto, e enquanto a Joana me lavava a cabeça com sabão (mesmo), a Constança fazia-me uma limpeza de pele...à base do arremesso de tudo o que sejam brinquedos rígidos contra a minha tromba.
Quando a Catarina chegou, as meninas estavam sossegadas a ver bonecos na sala, e eu estava num canto do quarto, às escuras, enrolado em posição fetal, com o olhar vago e em repetidos movimentos circulares com o tronco...
Mas aprendo muito com as minhas meninas... a Joana disse-me que vale mais ser inteligente do que forte fisicamente...de repente passaram-me pela lembrança as inúmeras rixas de bar, em que poderia ter discutido Descartes em vez de enfiar cadeiras pelo ananás abaixo de alguém...
Deixo-vos com a carta ao Pai Natal que a Constança escreveu, a pedido da educadora do seu colégio:
"Querido Pai Natal, neste Natal, e como fui uma menina muito bem comportada durante o ano (!?), queria ter uma foto de todos os meus amiguinhos do colégio. O papá disse-me para pedir antes um Bentley, mas eu nem sei conduzir! Prefiro a foto, mesmo. P.S. Também quero muito ver o Benfica campeão, mas disso acho que já está o Jesus a tratar, por isso não te peço a ti. Beijinhos, e vem devagar".

...a Joana tem 6 anos, e a Constança 2.
 
origem