segunda-feira, 27 de junho de 2011

Saldos!

Tenho que partilhar isto...
Na passada sexta feira, 24 Junho, após frugal repasto no Valentino's do Saldanha, a ilustríssima Senhora minha esposa sugeriu "dar uma espreitadela" a algumas lojas locais.
Ora bem, é um facto que não me sinto minimamente confortável em ambientes de lojas de roupa de senhora, especialmente quando chega aquela parte em que um tipo fica com 32 cabides na mão, à porta do provador, porque só se pode entrar lá para dentro com 54 kg de roupa... no entanto, é engraçado ver a tribo de machos dispersa, a tentar manter um ar normal e viril, com saias de folhinhos e tops salmão na mão. (O que vós, mulheres, não sabeis, é que aquilo é quase tão doloroso e indigno como entalar a pele de um apêndice no fecho das calças.)
Continuando, lá fui eu, com passo inseguro e ar desconfiado, pela Pepe Jeans dentro (deve ser a loja daquele central do Real Madrid, o Pepe), e Massimo Dutti (este não sei onde joga, mas é definitivamente em Itália).
Meus amigos, se na primeira a coisa não foi muito brava, já na segunda, foi o fim do mundo em cuecas!
A loja ostentava cartazes de "SALDOS!" por todo o lado, e assim que entrei, senti-me como se estivesse no meio de um daqueles documentários do National Geographic, em que manadas de gnus em histeria massiva tentam atravessar rios, numa migração bárbara e desordenada: o mulherio andava maluco!
Assim que me apercebi de onde estava metido, encostei-me a um cantinho, numa tentativa desesperada de sair do caminho daquela barbárie sanguinária, aquela massa cruel de gloss, unhas de gel e sapatos de salto.
Não obstante estar perfeitamente colado à parede, ainda levei 3 cargas de ombro, 2 maladas nas partes baixas e uma pisadela.
Antes de ser engolido pela multidão enfurecida, que disputava cada peça de roupa como se o futuro da Humanidade disso dependesse, ainda consegui ver de soslaio a Catarina a medir forças com uma perua por causa de uns calções de pijama. Foi digno de ver. Fez-me lembrar novamente o imaginário National Geographic, naquelas cenas em que uma felina captura a presa, e é imediatamente rodeada por hienas, que cheiram o sangue vitorioso da matança, e esperam um milésimo de segundo de desatenção para pilhar o cadáver.
Após ter espantado as restantes necrófagas, lá veio a Catarina, descabelada, arranhada e com hematomas, mas a ostentar orgulhosamente o talão de de pagamento numa mão, e um saquinho maricas de papel na outra.
Hoje, segunda feira dia 27 de Junho, ainda não consegui dormir em verdadeira Paz por mais de 8 minutos seguidos, sem ser interrompido pelo mesmo pesadelo recorrente, reminiscências daqueles minutos de verdadeiro terror por que passei.
Stress pós-traumático...
 
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