Um destes dias, a Catarina comentou comigo algo do género " Tens que experimentar aquele gel de banho esfoliante. Aquilo é fantástico!"
Olhei e tentei identificar a tal embalagem cor de laranja que a Catarina tanto elogiou, algures ali no meio daquela panóplia de cremes, creminhos, shampoos, amaciadores e outros produtos que não me atrevo sequer a ler o rótulo.
Pois que há pouco, cheguei a casa antes de toda a gente, e fui tomar um duche rápido antes de as meninas chegarem.
Entrei na casa de banho, e ao iniciar o banho propriamente dito, olhei para o tal embalagem. "Ora vamos lá então experimentar isto"... tinha bom aspecto. E uma apresentação cuidada, onde se destaca a frase "Uma sensação surpreendente".
Despejei uma porção generosa na mão, pousei a embalagem, e ao esfregar as mão de facto apercebi-me que aquilo tem uma espécie qualquer de areia ou lá o que é, o que me causou alguma estranheza.
Ora bem, um homem não nega as suas origens, e como bom espécimen de troglodita que sou, vai de esfregar vigorosamente o cabedal, nomeadamente aquela parte em que a sensibilidade cutânea mais se revela.
Foi aí que entendi a plenitude daquela frase "Uma sensação surpreendente". Parecia que tinha acidentalmente raspado com a gaita numa polidora de sapatos automática daquelas que existem habitualmente nos lobbys dos hotéis, ou que toda aquela área tinha sido arrastada 200 metros no asfalto numa tarde de sol com 40ºC. E regada com vinagre a seguir.
E ali, a debater-me com toda aquela "sensação surpreendente" e com o shampoo que entretanto me tinha escorrido para um olho, temi pela minha vida. Esfreguei os olhos para tentar livrar-me do shampoo, e o efeito foi como se estivesse a lavar as pupilas com pedra pomes. Aquela substância estava a acabar agonizantemente comigo.
Aquilo é uma criação do demónio, com "fragrância de laranjas doces e cedro". Lembrei-me de um texto que li há uns tempos, em que um pobre marido anuiu em fazer a depilação com cera num sítio onde nunca o deveria ter feito. Compreendi a agonia daquele ser. Na pele. Literalmente.
Agora estou à espera que a Sra. D. Catarina chegue a casa para lhe dizer que aquele produto deveria ser banido, e que nunca mais quero ver nada daquilo, nem na casa de banho, nem em qualquer parte a menos de 150 metros de distância de mim. De qualquer parte de mim. Principalmente dessa.
segunda-feira, 21 de outubro de 2013
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